top of page

Análise Comportamental da Cultura

O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE METACONTINGÊNCIA

Ricardo Corrêa Martone
 

João Cláudio Todorov 

O objetivo deste artigo é apresentar o desenvolvimento do conceito de metacontingência. Identificou-se três reformulações subseqüentes à idéia primeiramente apresentada por Sigrid Glenn no artigo Metacontingencies in Walden II, de 1986:
1) ênfase no processo seletivo do entrelaçamento de muitos operantes e, conseqüentemente, na transmissão de padrões comportamentais através do tempo;
2) a descrição das funções de diferentes efeitos ambientais produzidos pelo entrelaçamento; e
3) diferenciação entre processos de variação e seleção que ocorrem em nível individual (relações de macrocontingência) e processos de variação e seleção que ocorrem em nível cultural (relações de metacontingência). Palavras-chave: seleção por conseqüências, metacontingência, contingências comportamentais entrelaçadas, produto agregado, macrocontingência.

ANÁLISE COMPORTAMENTAL DA CULTURA: CONTINGÊNCIA OU METACONTINGÊNCIA COMO UNIDADE DE ANÁLISE?

Kester Carrara
 

Diego Zilio

O objetivo deste artigo é avaliar o caráter de inovação e o alcance explicativo do conceito de metacontingência como instrumento de análise da cultura, quando comparado à contingência de três termos. São levados em consideração conceitos associados, como os de contingências entrelaçadas, produto agregado e sistema receptor, para um cotejamento de funcionalidade quando em comparação com a clássica contingência de três termos. Conclui-se que, apesar da contribuição relevante estruturada por Glenn e colaboradores, o “sistema de metacontingências” equivale a um rearranjo conceitual dos princípios presentes na proposição skinneriana de análise comportamental da cultura, que também pode ser viabilizada mediante o uso do conceito de contingência, se criteriosamente descritas as condições de cada elemento envolvido nas práticas culturais e seu entorno.

Comportamento e cultura na perspectiva da análise do comportamento

Maria Amalia Pie Abib Andery

O presente artigo visa a discutir a perspectiva da análise do comportamento para o estudo da cultura. Apresenta-se, inicialmente, o histórico de estudos que tiveram como objeto de estudo o comportamento humano em contextos sociais. Tais estudos foram fundamentais para a compreensão do comportamento social e verbal, demonstrando o potencial explanatório e tecnológico da análise do comportamento. No entanto, os esforços iniciais de investigação sobre comportamento social e sobre o ambiente social (ou a cultura) tomaram a cultura como o contexto no qual comportamento individual ocorre e como variável independente que participa de maneira um tanto vaga do controle do comportamento operante. Apenas tardiamente, discutiu-se na análise do comportamento a possibilidade de se tomar a cultura como foco central de análise, operando uma inversão em relação ao enfoque que tradicionalmente se assume no estudo do comportamento: a cultura passa a ser assumida como o terceiro nível de determinação do comportamento, passa a ser variável dependente. Quando a cultura, ou o ambiente social, passa a ser tomada como fenômeno que precisa ser compreendido para que se possa, de fato, incluí-lo – posteriormente – como determinante do comportamento, surgem novas possibilidades conceituais e de investigação empírica. O artigo termina apontando possibilidades de pesquisas que consideram a cultura como objeto de estudo legítimo da análise do comportamento.

O conceito de cultura: Afinal, a “jovem” metacontingência é necessária?*

Hélder Lima Gusso
 

Olga Mitsue Kubo

O conceito de metacontingências chegou à maioridade: 21 anos! Em 1986 a pesquisadora americana Sigrid Glenn apresentou a noção de metacontingência para analisar o que ela chamou de seleção de práticas culturais. Desde então, em crescente quantidade de publicações, a noção de metacontingência tem sido examinada ou utilizada para analisar culturas. Já são mais de 20 anos de desenvolvimento e uso desse conceito, mas sua necessidade ou relevância para a análise de culturas não estão ainda claramente demonstradas. Ainda assim, há obras que têm contribuído no aumento da visibilidade sobre esse conceito e sobre a análise de culturas na Análise do Comportamento. O livro Metacontingências: Comportamento, Cul- tura e Sociedade, organizado por Todorov, Martone e Moreira (2005) apresenta como fenômenos culturais têm sido investigados a partir da noção de metacontingência, pos- sibilita identificar aspectos críticos sobre essa noção e, por isso, vale a pena ser lido.
* Resenha do livro “Metacontingências: comportamento, cultura e sociedade”, organizado por João Cláudio Todorov, Ricardo Corrêa Martone e Márcio Borges Moreira. Santo André: ESETec (2005).

A Importância dos Respondentes e das Relações Simbólicas para uma Análise Comportamental da Cultura

Julio Cesar de Rose

Cultura é comportamento adquirido pelos seres humanos enquanto membros de grupos sociais. Por esta razão, a análise do comportamento tem um papel fundamental para a compreensão dos fenômenos culturais e da grande diversidade de padrões culturais. Este artigo trata principalmente dos meios pelos quais as culturas produzem a conformidade a seus padrões, assegurando, assim, a transmissão de suas práticas. Todos os processos comportamentais são relevantes para isto. Porém, a análise comportamental da cultura tem considerado que práticas culturais são restritas a operantes. Neste texto, eu argumento que respondentes são componentes essenciais das práticas culturais. Argumento também que os símbolos que permeiam as culturas participam de redes de relações simbólicas que transferem e/ou transformam funções de estímulos. Portanto, a análise comportamental da cultura não pode desconsiderar os respondentes e nem a formação de redes simbólicas que modificam as funções de estímulos.

bottom of page