Erro é uma palavra pesada, mas não tem como chamar sua atenção de outra forma. O que vem a seguir é uma perspectiva, que precisa ser analisada de forma carinhosa, para amenizar o termo “erro”. Começo com “A” citação:
“Os homens agem sobre o mundo, modificam-no, e são modificados pelas consequências de suas ações. Certos processos, e que o organismo humano compartilha com outras espécies, alteram o comportamento de tal forma que ele obtém um intercâmbio mais seguro e mais útil com um ambiente particular. Quando o comportamento apropriado tem sido estabelecido, suas consequências trabalham por meio de processos similares, aumentando sua força. Se por acaso o ambiente se modifica, velhas formas de comportamento desaparecem, enquanto novas consequências constroem novas formas” (Skinner, 1957/1978, p. 15).
Ao citar um dos trechos de Skinner, que mais elucidada o objeto de estudo do Behaviorismo, se faz necessário conceber, como psicólogos, a ideia de que as relações comportamentais podem em alguma hipótese, mesmo que remota, serem consideradas eventos metafísicos. Nesse sentido, permitimos que aqueles que buscam o auxílio das ferramentas oferecidas pela nossa amada profissão sejam direcionados a um relativismo reflexivo e redundante, fazendo com que pseudoexplicações sejam aceitas pelo senso comum e convictamente estabelecidas como “ciência”, de tal modo deixando que o indivíduo seja exposto desnecessariamente a contextos que retardem o acesso a um tratamento adequado com eficácia comprovada por práticas terapêuticas baseadas em evidencias que garantiria a maior eficácia nas práticas profissionais da nosso categoria!
Quando consideramos um evento psicológico (comportamento), como uma relação metafisica de origem mística, misteriosa e imensurável, tal como há mais de um século vem sendo apresentada como objeto de estudo da ciência psicológica, negligenciamos os males e as distorções de tal concepção. Nesse sentido essa negligência pode, em algum grau, ser causadora direta ou indireta de prognósticos equivocados e desencadeadores de inúmeros outros conflitos comportamentais, uma vez que não colocam o sujeito como parte ativa e reativa dentro de eventos comportamentais, trazendo explicações que terceirizam a responsabilidade e função de tais eventos.
A comunicação direta e cooperativa entre a análise do comportamento e as ciências biológicas, facilita as transcrições dos ditos “eventos psicológicos” em eventos comportamentais físicos e materiais. Desse modo observamos uma facilitação na coleta, quantificação e qualificação da relação dos organismos com seus ambientes, descrevendo assim as relações psicológicas como eventos tão físicos quanto uma atividade cirúrgica realizada por um médico, sem ignorar os aspectos subjetivos e estruturais de cada organismo.
Olhando por esse aspecto das intervenções cirúrgicas realizadas na medicina, podemos correlacionar as intervenções realizadas por um psicólogo como sendo tão físicas quanto o manejo de um bisturi. Ou seja, quando um analista do comportamento realiza sua intervenção, com base em uma análise funcional pré-estabelecida, ele está apto a identificar contingências que modificam a pré-disposição do organismo em suas interações, fora do ambiente terapêutico. Da mesma forma que o paciente se coloca diante e do médico para uma avaliação das suas condições orgânicas, a fim de buscar um tratamento efetivo, o terapeutizando se coloca diante do terapeuta com a mesma função, porém com a diferença que não atuaremos na disfunção orgânica em si, mas na complexidade das interações desse organismo com seu ambiente.
Desta forma fica clara nossa função objetiva de fator físico, sem a necessidade de uma intervenção orgânica, já que nosso objeto de intervenção não é o organismo em si, mas sua interação interna e externa com seu ambiente. Para isso precisamos estabelecer um olhar atento às contingências pré-estabelecidas e pós-estabelecidas, e isso deve ocorrer durante todo o processo terapêutico.
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